terça-feira

Continhos Paulistanos

Conheci um skinhead perto da Paulista

Não sei que horas eram, mas já era noite. Sabe aquela parada pra beber cerveja num boteco? Então, tava lá eu com meus amigos e tinha esse careca tirando onda com os garçons. Achei engraçado, ele notou e veio puxar conversa. Lá pelas tantas:

“... é que eu sou skinhead.”

Gelei. Não que eu seja punk nem nada, mas vai saber? É como andar na beira do desfiladeiro. Tentei me segurar não demonstrar medo e falei:

“ Isso aí é vodka?”

“É, com casca de limão.”

“Dá um gole.”

São_Paulo.zip

São Paulo, pra mim, é uma cidade de túneis. Pode parecer uma metáfora à criação da vida, à renovação autofágica da cidade grande cheia de crianças e mortos. Mas falo simplesmente dos metrôs, dos trens subterrâneos que chegam gemendo a cada três minutos sem parar e da multidão de zumbis em procissão de um lado pro outro, da Paraíso pra Brigadeiro, da Barra Funda pra Sé. Passei a maior parte do tempo em trânsito por esses túneis, atravessando lapsos de pensamento hipnotizado pelo tetlec dos trilhos, o barulho engraçado que caminha pro final do vagão.

Não há experiência de paisagem, de ver as coisas passando, só uma parede que corre e se transforma numa nova estação. De repente, já é a Paulista, ou a 25 de março, a praça da Sé. Os metrôs comprimem a cidade em espaços nulos de paredes viajantes, de cabos, de lugares que não existem na lembrança do passageiro. É a maravilha do mundo comprimido em zip.


3 comentários:

  1. Anônimo2:23 PM

    O Chico se eu soubesse que tu iria para SP eu tereia pedido pra tu zipar um mp3 na mala pra mim... Teu Blog tá cada vez mais massa eu to viciando nele um abraço e até mais...

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  2. Anônimo8:44 PM

    Oi! Sou amiga da Gio, colega da Letras. Muito "péssimos" os teus escritos. Bj

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  3. franz, sombra no teto é raro, mas acontece. e quando acontece é demais!
    ahuaha

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