quarta-feira

Giaeli e Sisera


Artemisia Gentileschi (1593 - 1653) aos 17 anos foi estuprada por seu tutor, Agostino Tassi. Essa não coresponte exatamente à atitude de um tutor que preste. Este era particularmente cruel e inescrupuloso. Durante as investigações, descobriu-se que ele planejava matar sua mulher, cometeu incesto com sua cunhada e ainda planejava roubar quadros de seu colega Orazio Gentileschi, pai de Artemisia.

Uns oito anos depois, ela pintou "Giaeli e Sisara", seguindo a temática de "Judith e Holofernes", primo mais famoso do primeiro. Contra a habitual doçura associada às mulheres, estas partiram pro ataque e mataram seus desafetos com a serenidade de um serial-killer. No caso de Sisara, enquanto o descuidado Giaeli dormia.

Apesar disso, Gentileschi não pinta vilãs, como a Dalila de Sansão. Quero dizer, elas poderiam ser consideradas vilãs, mas essa não é a forma como estão representadas. Sisara fecha os olhos como a justiça vendada pronta para descer sua espada sobre os infratores. Gentileschi enfia um prego na cabeça de Tassi, Judith decapita Holofernes e carrega a cabeça dele num cesto com a ajuda de sua criada. Os quadros transbordam vingança contra homens colocados em posição inferior, subjugados, indefesos. Estes não morrem sozinhos, mas com as ilusões de uma garota de 17 anos, sob a influência macabra dos sentimentos mais viscerais da autora. Por isso são quadros que me confundem, ofendem e fascinam; politicamente incorretos, mas arrebatadores.

3 comentários:

  1. já ouviu falar de ser sobrehumanos, chico? eles estão acima da nosso simplória compreensão do que chamamos de "humanidade".

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  2. esse trabalhos vão acabar nos matando, isso sim. mas por enquanto tá divertido!

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  3. mó saudade de vc.

    acho que vou acabar indo praí antes de vc vir pra cá de novo.

    smacks.

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