O pequeno Chico, certa vez, me relatou um de seus encontros com uma criatura noturna chamada Tsn'fomr. São antropomorfos que durante o dia se assemelham às formigas gigantes comedoras de fumaça e à noite se transfomam em humanos de pele clara e olhos cinzas. Suas línguas são feitas de brasa e, por conta disso, expelem fumaça constatemente. Os Tsn'fomres andam por casas noturnas à procura de romance para que, com um só beijo, causem uma marca em seus objetos de desejo. Estes nunca mais se interessarão por outras pessoas e, com sorte, se tornarão Tsn'fomres, ou por azar, em formigas gigantes comedoras de fumaça.
Chamava-se Raus. Após beijá-lo, o pequeno Chico disse sentir seu corpo arder e seus olhos incréus puderam penetrar por um segundo na escuridão do lugar e ver, através do breu, um espectro vermelho do desejo. Do meio da fumaça, a criatura lhe contou o seguinte:
Era noite na pequena ilha. As três amigas há muito não se viam e por vontade estavam reunidas no quarto de Bia. Tida olhava para seus pés enciumada com a conversa das outras duas. Bia dizia assim:
"... então ele me disse que não podíamos nos ver mais. Fiquei confusa, Ana, porque já faziam três meses e parecia que tudo corria bem. Foi nessa época que Tininha começou a se aproximar de mim, ela me confortava e dizia coisas compreensivas. Mais tarde eu entendi que, então, amava ela."
"Foi a coisa mais estúpida que nós fizemos. Pedro morreu enquanto brincávamos de roleta russa, meu Deus, só então eu percebi o que estavamos fazendo. O corpo dele ainda tava quente, mas os olhos explodiram, a boca aberta, um filete de sangue correndo na minha direção. Fiquei aterrorizada, estupefata, não consegui fugir, chorar, nada. Nunca cheguei a conhecer ele direito."
"Nosso primeiro beijo foi no fliperama, tínhamos 12 anos, ou algo assim. Ele tinha uma língua áspera, sentia como se lixasse meus dentes e depois de um tempo não haveria mais dente algum. Começamos a beber nessa época."
Tida nunca conheceu Pedro, nem lamentava sua morte.
"Naquele dia ele me disse que sentia atração por mim, que devíamos ficar juntos, mas eu disse que não ficaria com ele depois do caso de vocês. Voltamos a beber com o pessoal e de repente ele surgiu com a arma. Não quero pensar que talvez tenha sido tudo minha culpa."
"Imagina, Pedro vivia fazendo brincadeira mórbidas. Lembra dos cachorros?"
"Jorge achou que a arma não tava carregada. Não conseguia parar de tremer depois do estampido. Uma semana depois ainda tava com os olhos embotados."
"Podia ter sido ele."
"Ou eu."
"Onde enterraram o corpo?"
"No continente."
Só então Tida se manifestou.
"Vamos comer?"
Chamava-se Raus. Após beijá-lo, o pequeno Chico disse sentir seu corpo arder e seus olhos incréus puderam penetrar por um segundo na escuridão do lugar e ver, através do breu, um espectro vermelho do desejo. Do meio da fumaça, a criatura lhe contou o seguinte:
Era noite na pequena ilha. As três amigas há muito não se viam e por vontade estavam reunidas no quarto de Bia. Tida olhava para seus pés enciumada com a conversa das outras duas. Bia dizia assim:
"... então ele me disse que não podíamos nos ver mais. Fiquei confusa, Ana, porque já faziam três meses e parecia que tudo corria bem. Foi nessa época que Tininha começou a se aproximar de mim, ela me confortava e dizia coisas compreensivas. Mais tarde eu entendi que, então, amava ela."
"Foi a coisa mais estúpida que nós fizemos. Pedro morreu enquanto brincávamos de roleta russa, meu Deus, só então eu percebi o que estavamos fazendo. O corpo dele ainda tava quente, mas os olhos explodiram, a boca aberta, um filete de sangue correndo na minha direção. Fiquei aterrorizada, estupefata, não consegui fugir, chorar, nada. Nunca cheguei a conhecer ele direito."
"Nosso primeiro beijo foi no fliperama, tínhamos 12 anos, ou algo assim. Ele tinha uma língua áspera, sentia como se lixasse meus dentes e depois de um tempo não haveria mais dente algum. Começamos a beber nessa época."
Tida nunca conheceu Pedro, nem lamentava sua morte.
"Naquele dia ele me disse que sentia atração por mim, que devíamos ficar juntos, mas eu disse que não ficaria com ele depois do caso de vocês. Voltamos a beber com o pessoal e de repente ele surgiu com a arma. Não quero pensar que talvez tenha sido tudo minha culpa."
"Imagina, Pedro vivia fazendo brincadeira mórbidas. Lembra dos cachorros?"
"Jorge achou que a arma não tava carregada. Não conseguia parar de tremer depois do estampido. Uma semana depois ainda tava com os olhos embotados."
"Podia ter sido ele."
"Ou eu."
"Onde enterraram o corpo?"
"No continente."
Só então Tida se manifestou.
"Vamos comer?"
"Pequeno" Chico.... sei!
ResponderExcluirPorra... realmente achei ruim... Que confusão tu te meteu chico? Ando bebendo demais? Vai me disse que resolveu tentar escrever bebado? tststs
ResponderExcluirBom.
ResponderExcluirEntão o senhor anda lendo Borges?
li de novo e não achei de todo ruim, a vontade é de entrar na cabeça do autor pra saber o que se passava com o infeliz enquanto escrevia. Ou como numa ligação cruzada, alguém procurando uma estação de rádio, várias coisas ao mesmo tempo, sei lá, coisas que aconteceram e foram absorvidas todas de uma vez, mas que fica difícil explicar escrevendo.
ResponderExcluirPois e... falei, falei e disse nada
Minha impressão é de que toda a segunda parte do conto ficou confusa por conta da minha mania de não discriminar as falas dos personagens. Com um esforcinho dá pra descobrir, né, galera!
ResponderExcluirInicialmente é confuso mesmo. mas é uma confusão boa.
ResponderExcluirDesculpa pelo erro grotesco do meu comentário anterio, Sunset! Hahaha
Puta que pariu! Fiquei vidrado nos Tsn'fomr, incrivel! E essas formigas gigantes comedoras de fumaça, eh ateh bonito de imaginar essa sociedade... Mais o foda mesmo são as marcas do beijo dos Tsn'fomr.
ResponderExcluirMandou bem DEMAIS!
Sendo bem sincera, eu achei a primeira parte bem mais confusa do que a segunda, mas adorei as falas, ficaram fortes e um pouco enigmáticas.
ResponderExcluirQuanto ao que tu comentou no meu blog, o que apavora eh que as pessoas que critico no texto infelizmente já passaram dos 13 anos faz tempo...Pelo menos a maioria deles.
;*
tudo bem, tiago
ResponderExcluir=)
ah, chico... eu entendo. ali tem uns errinhos sim. é que eu escrevo na loucura, e nao me preocupo mto com a tabulação mesmo...
ResponderExcluirmas sobre a coisa de ser passional? não é pôr banca... é real mesmo.
e doi... meu amor... DÓI.