domingo

O Momento e o Eterno

Nunca devemos ignorar o efeito de uma pergunta certa feita na hora certa. Joana, pelo menos, não deveria ignorar o efeito contrário, principalmente pelo aspecto broxante do tópico: casamento. Com dois meses de namoro, casamento é paranóia, conspiração, absurdo, é o assunto proibido.

"Não, não rola." – responde Dado.

"Não é isso, não. Perguntei se tu pensa em casar, sabe, algum dia?"

"Meu, pára de pensar em bobagem..."

"Não é bobagem, é sério. Sabe, constituir família, filhos, cachorro, vizinhos, cadeados, igreja, carro, mensalidades, jantares beneficentes..."

"Não."

"Quê? Não o quê?"

"Não, caralho! Não penso em casar, ficar chato, não penso em nada disso. E não enche o saco."

Chato, diz Dado, talvez no sentido "plano" da palavra. Dado não pensa em ficar plano, na planeza da cama de casal arrumada, sem vincos, na placidez mentirosa da cama de casal arrumada, baluarte da relação estável, dita eterna. Não pensa, mas deveria. Isso talvez lhe desse motivos pra ter a mesma opinião. No entanto, abstém-se pela segurança radical do não-saber.

5 comentários:

  1. não, eu não quero casar. e não penso nisso! ha ha

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  2. aquele bom e velho dilema: pensar ou viver?

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  3. êê! ficou melhor do que o que vc tinha me mostrado \o\

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  4. Mas o cachorro era do Marcos, Chico

    =P

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  5. Anônimo10:54 AM

    Sim, dúvidas, dúvidas, dúvidas, e o casamento é só mais uma delas... Tocaste num ponto interessante, Joana tb é o nome da protagonista de "Perto do coração selvagem", Clarice Lispector. Isso me veio na cabeça pois nesse conto (seu conto) o tema do casamento é abordado de modo semelhante ao do livro.
    Dúvidas, dúvidas...

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