sábado

O Pedófilo

Eu, aqui, sentado nesse banquinho da pracinha, fumando. As crianças brincando nos balanços, se ofendendo e dizendo palavrão. Elas têm a coragem de quem ainda não deu de cara com a vida, melhor, de quem acabou de dar de cara com a vida pela primeira vez. Um garotinho corre, olha pra mim e corre ainda mais, parece exibir sua velocidade. Devo parecer assustadoramente velho pra eles.

“Tio, como é teu nome?”

Marina pergunta com a inocência dos seus 5 anos. É uma garota ousada, não segue os conselhos de sua mãe. Fred sorri, acha uma graça.

“Fred, meu bem. Como é o seu?”

“Tu não faz nada, tio?”

“Fico sentado aqui, olhando pra vocês.”

“Quer namorar comigo, tio?”

A pergunta soa casual. Não parece haver grande significado pra Marina, ela simplesmente não quer ficar pra trás de suas amiguinhas, pensa em chocá-las com um namorado muito mais velho que o delas, ainda por cima desconhecido. Fred finge considerar a proposta.

“Quantos anos tu tem?”

Faz cinco com a mão.

“Bom, se a gente vai namorar, tu precisa saber umas coisas. Eu acho que tu não deve fumar antes dos 18, ou 21. Dizem por aí que isso afeta o crescimento, não fica bem tu virar uma baixinha por causa do teu namorado. E a gente devia levar isso a sério, eu quero dizer, não ficar de sacanagem. Tu é uma garota bonitinha, mas não pode ficar namorando todo mundo, namorado é só um. Essa é meio que uma regra de adultos, sabe? Ah, e eu preciso saber teu nome, afinal eu vou falar contigo pelo telefone, vou precisar dizer com quem eu quero falar pra te chamarem. Ou pra endereçar as cartas, de repente falar teu nome baixinho quando eu estiver com saudade. Aliás, tu sabe jogar canastra?”

Marina já não prestava muita atenção, então ficou olhando pra ele com aquela cara de vazio. Fred não percebeu porque conjeturava mais alguns pré-requisitos. A mãe de Marina percebeu, lá de longe, a mancada e chamou a garota meio que já brigando. Marina correu de volta pra mãe pensando que era melhor começar com alguém da sua idade.

4 comentários:

  1. irritante é quase o máximo de ruim que algo pode ser...

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  2. Quiá quiá, que bom isso!
    Espero que esse conto não tenha sido do tipo "Querido diário, hoje eu fui ao parque e..."

    =)))

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  3. Anônimo11:22 AM

    Qual dos dois (a garotinha ou kra) naum sabe o que está falando? Ou entuam o Fred jah estava pensando tão além q resolveu mostrar pra garotinha a porcaria do que ela estava pesando rsrsrs...

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  4. crianças, crianças.
    odeio discursos indies!

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