sexta-feira

Florianópolis

O vôo São Paulo-Porto Alegre não faz escalas em Florianópolis, passa tão alto quanto se pode passar. Lá de cima, um garoto olha para baixo impressionado com a pequena linha que liga a ilha ao continente - diria que do outro lado do mar existe um universo paralelo, tão tênue e frágil ela lhe parece.
O pequeno Chico abre seus olhões endurecidos pela fuligem de alguma outra cidade e, diante de um recente viaduto, pergunta-se onde vão parar os mendigos recolhidos na Beiramar. Não consegue imaginar uma capital sem pobreza, uma faculdade sem um estacionamento grande ou um apartamento limpo e livre de baratas.
Ana toma banho quando nota a invasão de milhares de mosquitos pela basculante do banheiro. De uma hora pra outra, já não consegue mais respirar afogada num mar de insetos sanguessugas. Milhares de olhos minúsculos perscrutam seu corpo nu em busca da veia definitiva que lhes alimentará pela vida toda. Morre afogada no banheiro.
Na beira da praia, Bruno vê o mar recuar pra longe e logo lhe vêm a cabeça imagens de um grande Tsunami que devastou o Oriente há bem um ano. Mas é tudo uma questão de perpectiva, pois não é o mar quem recua, e sim a areia quem avança grão sobre grão, num multiplicar incessante, pululante, fervente. Tão logo quanto possa perceber, ele se vê afogado num monte ainda quente de areia.
Olhos endurecidos e vozes caladas na treva asfixiante.
Cores semi-apagadas.
O garoto voa para muito longe na noite carente de estrelas.

4 comentários:

  1. Anônimo2:42 PM

    Ah Chico, miss you so much!

    Cade a Leila e o tofo?

    buaaaa, sinto falta deles tbm...

    Adolo vc!

    Bjus!

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  2. Ei menino, vim retribuir a visita, viu? Bjo!

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  3. hodiernamente = nos dias atuais hehe...

    Bjáo pratí

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  4. Anônimo4:15 AM

    SP?
    pra ver o CSS?

    ;D

    beijo chicooooooo

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