A raça maldita dos moabitas infesta a Terra já há muito, desde o incesto culposo das filhas de Ló, logo em seguida do fim de Sodoma e Gomorra - que por sinal também resultou na metamorfose de sua mãe em uma estátua de sal. Pode-se reconhecer um moabita pelo suor oleoso que brota de sua fronte em dias de calor durante as meias estações. O mesmo recende à dama-da-noite, muitas vezes denunciando a presença de sua influência maligna, e que evidencia a ligação de sua existência com a morte e o sombrio.
Carol traz no sangue o traço há gerações filtrado de sua ascendência malévola. Seu suor de miscigenada exala uma infinidade de cheiros, mas mesmo assim um sommelier ou um basset poderiam indicar com facilidade a presença da famigerada flor. Nos momentos de raiva cega, nota-se a mudança de tom de sua íris, que de castanho passa a castanho escuro. Ou talvez seja só o calor do momento, sei lá.
A verdade é que Carol, já faz um tempão, nem me liga. Ela, que disse que não ia me abandonar, sempre deixando recados na geladeira e trazendo o pão quente no fim do dia. Talvez seja determinista por demais afirmar que essa atitude derive diretamente de sua linhagem, mas eu prefiro culpar Ló e o vinho do que minha bela Carol. Nunca antes conheci uma Moabita de olhos tão castanhos, cabelos tão suavemente encaracolados e uma pele tão... macia. Espero que ela tenha perdido os dedos pra justificar não ligar há tanto tempo.
Mentira.
É de amplo conhecimento que os Moabitas surgiram na região onde hoje se encontram a Palestina e Israel, e também que o povo constituinte do então reino não passava, no início, de algumas tribos nômades*. Como eles, Carol transita entre oásis e faixas extensas de deserto - metafóricamente, digo. Eu, que sou o sedentário, fico aqui, no oásis, esperando que ela se canse e pare de viajar. "Esperando", é claro, quase como esperança.
*Essa informação, e bem possivelmente outras, não tem qualquer base em pesquisa. Foi tudo muito superficial e tal.
Carol traz no sangue o traço há gerações filtrado de sua ascendência malévola. Seu suor de miscigenada exala uma infinidade de cheiros, mas mesmo assim um sommelier ou um basset poderiam indicar com facilidade a presença da famigerada flor. Nos momentos de raiva cega, nota-se a mudança de tom de sua íris, que de castanho passa a castanho escuro. Ou talvez seja só o calor do momento, sei lá.
A verdade é que Carol, já faz um tempão, nem me liga. Ela, que disse que não ia me abandonar, sempre deixando recados na geladeira e trazendo o pão quente no fim do dia. Talvez seja determinista por demais afirmar que essa atitude derive diretamente de sua linhagem, mas eu prefiro culpar Ló e o vinho do que minha bela Carol. Nunca antes conheci uma Moabita de olhos tão castanhos, cabelos tão suavemente encaracolados e uma pele tão... macia. Espero que ela tenha perdido os dedos pra justificar não ligar há tanto tempo.
Mentira.
É de amplo conhecimento que os Moabitas surgiram na região onde hoje se encontram a Palestina e Israel, e também que o povo constituinte do então reino não passava, no início, de algumas tribos nômades*. Como eles, Carol transita entre oásis e faixas extensas de deserto - metafóricamente, digo. Eu, que sou o sedentário, fico aqui, no oásis, esperando que ela se canse e pare de viajar. "Esperando", é claro, quase como esperança.
*Essa informação, e bem possivelmente outras, não tem qualquer base em pesquisa. Foi tudo muito superficial e tal.